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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

TÉNÉRÉ 250, UMA LENDA....


Vamos falar de uma lenda...

um simples comparativo, lembram-se da história de David e Goliás...

seria mais ou menos assim

David = Ténéré 250
Golias = o nosso trajeto do dia após dia.

adivinha quem esta ganhando, o Gigante Golias ou o pequeno David?

pois é como segue a fábula David, ou .... 

A MOTOCICLETA TÉNÉRÉ DA YAMAHA

Para nós, uma marca dentro de uma marca!

Demoramos para descrever sobre a motocicleta Ténéré 250 XTZ porque todo dia tínhamos que adicionar algum adjetivo em nosso texto, agora com mais de 20.000 km, quase 24.000 km, mais de 2/3 da viagem percorrida segue algumas definições, conclusões e reflexões.

Em 40 dias foram aproximadamente 23.800 km percorridos, passamos por 13 países, perdemos a conta de quantidade de estados, províncias, departamentos ou condados, se for falar em quantas cidades que percorremos esta conta é impossível.

Na motocicleta Ténéré 250 XTZ tudo que foi necessário até chegarmos em Miami, foram 07 trocas de óleo a cada 3.000 km e a troca do filtro a cada 6.000 km, ou seja, uma sim outra não. Realizamos uma regulagem do sistema de transmissão da motoca (corrente, coroa e pinhão) na Concessionária Yamaha da Costa Rica e outra regulagem na Yamaha de Daytona.

Pastilhas de freio dianteiras e traseiras nem mexemos, o filtro de ar foi verificado e esta em excelente estado, substituímos as velas por precaução após 20.000 km. Nenhuma lampada queimada, nenhuma lente de pisca que se soltou ou um perda de um simples parafuso, nada aconteceu!!!

A motoca vem fazendo média de 25 a 27 km\litro, estamos pilotando a uma média de 6.500 a 7.000 rpm, velocidade média de 100 a 110 km\hora. Devido a sua excepcional autonomia estamos fazendo três "puxadas" durante o dia de aproximadamente 300 a 350 km cada. A reserva é acionada com média de 260 a 290 km, assim ainda podemos rodar no mínimo 100 km com total segurança. As três motos estão um relógio, estão com consumo praticamente idênticos. Imagine é possível rodar até 400 km sem preocupação por gasolina.

È impressionante a força e resistência da....  como dizem  "TÉNÉRÉZINHA".....


A Ténéré está hiper super mega pesada por causa da nossa bagagem, compramos muita tranqueira de lembranças e estamos exigindo dela ao máximo em termos de resistência e força, e ela responde suavemente aos nossos comandos e quando encerramos o dia ela até recebe umas palmadinhas no tanque de agradecimento por mais um obstáculo vencido.

Para falar a verdade eu até bato um papo com ela, de verdade, falo com ela mesmo, pode até ser coisa de maluco, mas eu tenho o costume de conversar com a minha moto durante as viagens. Conversa mesmo, nos dois sentidos! Bem, ouvir a moto acho que é até natural. Todo motociclista fica prestando atenção no que a moto está dizendo. Se está com alguma peça batendo ou soltando, se está com o motor engasgando ou com um ronco diferente, escuto o barulhos dos pneus tocando o asfalto, ora pegando fogo pelo calor do sol, ora extremamente gélido e escorregadio.

Mas, além de ouvir, eu também tenho o costume de falar com ela, pois é, falo com minha Ténéré! Falo com ela mesmo, literalmente, rss!
Converso sobre o nosso destino do dia, mostro uma linda paisagem no horizonte, conto uma história sem importância, e por mais louco ou maluco que possa parecer até dou um tapinha no tanque dela depois que conseguimos passar por algum desafio. Dependendo do dia, até faço uma cantoria para ela e assim vamos indo no nosso dia, em total complexidade, união e parceria. Para resumir “... somente vou conversando com a minha Ténéré, como se fosse uma velha amiga...”

Um carinha qualquer acorda pela manhã, liga a sua moto e fica 6-8-10-12 horas encima de sua moto. Roda de 600 km a mais de 1.200 km em um único dia, quando volta para casa não tem muito que contar sobre onde parou, o que comeu e o que conheceu. E dentro da sua cabeça só um pensamento: eu daria tudo para estender 1.000 vezes esse dia, para acordar todos os dias fazendo exatamente a mesma coisa. Só isso, somente isso!

Alguns de vocês podem não entender isso que escrevi acima, mas tenho certeza que tem um monte de gente que sabe exatamente o que significa isso!!
Para algumas pessoas eu poderia tentar descrever o que sinto por dezenas ou centenas de horas, poderia dar milhares de motivos e certamente não entenderiam!!

Mesmo assim vou tentar descrever ou dar alguns motivos para mudar pensamentos e tentar fazer vocês entenderem!

Para mim, defender meus ideais motociclísticos é como uma missão, portanto vamos lá ... 

Quando alguém compara a tecnologia, a potência, o peso, o tamanho e a utilidade de um carro ao de uma moto de cilindrada alta, fica abismado como podem custar a mesma coisa. Como pode uma moto custar a mesma coisa que um carro que te protege da chuva, do vento, do sol, de batidas, de assaltos, leva 4 pessoas, transporta compras e etc? Mas... quando outra pessoa vê a sensação de liberdade, a aceleração, fazer uma curva, o prazer e o estilo, então, ao contrário, fica abismado como um carro tão sem graça pode custar tanto quanto uma maravilha em duas rodas que pode ser a expressão de uma vida. Eu posso não estar convencendo vocês, mas..., quando eu fico imaginando como a minha vida seria sem graça com um carro, acho que a moto custa é pouco!

É claro que andar de moto tem um lado bom e outro ruim. Se fosse só bom, todos andariam; se fosse só ruim, não venderiam nem uma moto sequer. O lado ruim é fácil falar. Todo motociclista ouve a lista todos os dias: a moto é perigosa, barulhenta, de baixo poder de revenda, fácil de ser roubada, pouca capacidade de carga, traz consigo o estigma da marginalidade e inevitavelmente suja os seus passageiros. Concordo com tudo. Mas a questão é que as vantagens superam os pontos negativos. O ponto mais fácil de rebater é esse negócio de que você se suja muito quando anda de moto. Ou então, que tem que ficar colocando e tirando a capa toda vez que muda o clima. Andar de moto é como fazer amor: você tem que tirar a roupa para depois colocar de novo, fica todo suado, cansado e sujo. Mas vale a pena! Sempre vale a pena!!!! Que comparação, kkkkkk.

Sei muito bem que para algumas pessoas não vale a pena andar de moto. Não quero convencer ninguém. Só quero dizer porque andamos de moto. A razão mais pragmática da moto é a acessibilidade. Você estaciona em qualquer lugar, anda na terra, em buracos e no meio do trânsito. Vai para lugares onde os carros não vão. Vai até pertinho do mar, sobe em montanhas e entra no quintal das pessoas para tomar água e etc, etc, etc...

Existem ainda mais fatores. No silêncio do seu capacete, você fica em contato com o seu mundo interior. Sozinho na estrada, tornando-se irreconhecível pela vestimenta, não há nada a provar para ninguém. Você pode rir sozinho, cantar desafinado, gritar, pensar nas mais loucas fantasias ou, acima de tudo, aprender a conviver com você. Lá não há como se proteger de você mesmo usando estímulos externos como a TV, a companhia de outras pessoas ou o trabalho incessante.

É você e você, é você com você mesmo, goste do que está vendo ou não.

A moto é o local onde você também tem um contato muito forte com o mundo externo. Mas não o mundo artificial da sociedade, com suas cobranças e expectativas.
O piloto tem contato com o vento, os raios solares, a visão do horizonte, o cheiro do mato, o calor do asfalto, com as forças da gravidade e da inércia. Essa experiência direta com o mundo real, junto com o contato com o eu verdadeiro, é que faz com que a experiência de andar de moto seja viciante. O que pode também ser perigoso. Andar de moto não deve ser usado para escapar do mundo do dia-a-dia. Andar de moto tem que ser um aprendizado para mudar o mundo. Isso tanto através do autoconhecimento, quanto da visão do mundo real, sem os filtros sociais.

Tem um outro aspecto de andar de moto que me traz certo prazer, mas que às vezes acho ser um pouco doentio. É que andar de moto, arriscando a sua vida, com uma roupa toda diferente, certamente destaca você das outras pessoas. Por bem ou por mal. Você se sente diferente sendo um motociclista.

Penso que esse sentimento tem que ser muito bem trabalhado. Se você usa essa imagem de motociclista para humildemente inspirar as outras pessoas a darem mais valor para o que realmente importa, então tudo bem. Mas se essa imagem é usada para desprezar os outros, amedrontar, afastar, diferenciar ou rebaixar, então tudo vai por água abaixo.

Se o motociclismo for usado como símbolo da rebeldia, algo vai errado. Se for usado como símbolo da liberdade – liberdade até para não gostar de motos -, então estamos no caminho certo. Rebeldia nem sempre é a mesma coisa que liberdade, embora algumas vezes tenta usar essa roupagem.

Tenha cuidado com essa armadilha!

Uma grande diferença entre pilotar uma moto e dirigir um automóvel é o nível de atenção despendido. Para andar de moto seus olhos precisam ficar sempre atentos, vasculhando todos os cantos, antecipando o movimento dos outros. Seu corpo, flexível, precisa estar sempre preparado para as manobras. Já em um carro você pode andar com o corpo relaxado e com uma atenção principal voltada para frente. Essa grande atenção na moto faz com que você canse mais rápido, é certo. Mas por outro lado, como boa parte do pensamento é usado na pilotagem, sua mente tem que se livrar daqueles pensamentos espúrios.

Sabe quando você está dirigindo um carro, mas fica pensando nas contas a pagar, na briga com o chefe e com a agenda do dia seguinte? Em cima da moto você não consegue fazer isso. O que resta do seu pensamento vai para coisas realmente importantes: seus sentimentos naquele momento, uma boa lembrança, a observação de uma pessoa interessante na beira da estrada, uma poesia ou uma música. Interessante como a falta de alguma coisa faz você usá-la com mais sabedoria. Sobrando só um pouquinho da sua mente, essa parte é usada para o que realmente importa. Você que possui um carro e uma moto, se identificou com os pensamentos acima.. rsss.

Quando você está em sua moto, você aprende pouco a pouco a sempre pensar quando vale ou não vale a pena tomar riscos. Não são todos os riscos que valem a pena: costurar no trânsito, bebida, excesso de velocidade, empinar a moto e outras atitudes, são formas extremas de suicídio. Penso que só pessoas despreparadas com a vida têm comportamento tão arriscado.

Mas, por outro lado, vale a pena arriscar uma queda para sentir o vento, o sol, as forças da natureza em ação e o contato com o eu verdadeiro. Acho que quem anda de moto consegue mais facilmente compreender e analisar o que realmente é um risco de vida e acaba se poupando de tal situação para viver plenamente sua vida.

Quem anda de moto – embora este argumento valha para qualquer viajante – também tem que ter uma relação muito saudável com a inevitável decadência das coisas e com o acaso quando aprece que tudo esta dando errado.

O tempo todo você sabe que sua moto pode quebrar, que pode furar um pneu ou que você pode se perder. Quem fica estressado com isso simplesmente tem que desistir de andar de moto, pois essas coisas acontecem o tempo todo. Mas quando você aceita, então sim a viagem fica muito mais rica. Imprevistos são oportunidades para você aprender mais sobre a mecânica da moto, para usar o seu conhecimento, para superar suas dificuldades, vencer um desafio, para conhecer pessoas ou, mais importante ainda, aprender a confiar nelas.

Até agora falei só sobre andar sozinho de moto. Mas andar com outras pessoas também é recompensador. A intimidade com a sua mulher agarrada em você, a confiança mútua necessária para jogarem-se nas curvas, o sentimento de vitória depois de um trecho cansativo, sentir a "bunda" latejar depois de rodar mais de 1.000km as histórias que vão contar juntos e as sensações durante a viagem, tudo isso fortalece a união. A mente vaga entre a mais completa independência e a mais total união representada pelo contato dos corpos. Assim devem ser as uniões: dois seres completamente independentes, com pensamentos próprios, mas caminhando juntos.

Outro jeito de andar de moto é com um grupo de amigos, cada um em sua moto. Nesses grupos as pessoas não são divididas pelo emprego, educação ou posição social. O único interesse é andar de moto. Isso não significa que todos motociclistas sejam amigos. Mas permite que você encontre pessoas com os mesmos valores que você, mesmo que em uma situação de vida completamente diferente. Elimina as máscaras.

Infelizmente, embora os motociclistas não sejam divididos diretamente pelo seu papel social, são pelo tipo e cilindrada de moto. Isso tem uma razão prática, pois motos muito diferentes não conseguem andar juntas. Mas o principal ainda é a distinção econômica. Algumas pessoas usam a desculpa de uma moto com cilindrada diferente para menosprezar os outros. Isso é muito ruim. Espero que com o tempo essa separação vá diminuindo e que o único motivo dos agrupamentos sejam os valores compartilhados.

Da mesma forma que andar sozinho pode ser difícil para quem não consegue ter um contato consigo mesmo, andar em grupo pode ser um grande desafio para quem é muito individualista, muitas vezes existe a irritação por causa da velocidade e da prisão na escolha do caminho a ser trilhado, porque não parou em um posto de gasolina e sim no outro  entre outros, muitos outros...

Mas também tem o imenso prazer por conviver com novos amigos, conhecer novas visões de mundo e compartilhar minhas alegrias sobre a moto com outras pessoas.

Para quem pretende fazer uma longa viagem ou aventura de moto para nós existem varias dificuldades, entre todas, citamos estas três como cruciais:

1.ª - PRIMEIRA - encontrar a parceria ideal, isto é, outros motociclistas com a mesma motivação e interesse, com o mesmo período de tempo livre, tipos de motos semelhantes, e a mesma disposição para enfrentar dificuldades e imprevistos durante o trajeto, além de respeitar a vontade dos parceiros também.

2.ª - SEGUNDA - realizar todo o roteiro em conjunto, obter mapas, relacionar os pontos turísticos a serem visitados, conhecer o tipo de estrada (terra, ripio, asfalto, areia, etc...) registrar tudo no GPS, e o mais importante, devido a contratempos durante a viagem estar disposto a mudar o planejamento conforme a necessidade efetuando inclusive cortes!!

3.ª - TERCEIRA - para quem chega a uma cidade após um dia inteiro de viagem é conseguir hotel. No nosso caso a dificuldade aumenta, porque sempre queremos bom e barato... A viagem é longa, então a econômia  é muito importante para o viajante chegar ao seu objetivo.. Diversas vezes é necessário entrar e sair de vários hotéis até encontrar um que atenda nossas necessidades, extremamente estressante, pode causar conflitos no grupo ou na parceria por todos estarem cansados, minha dica.. relaxe e veja estas negociações como um outro objetivo a ser conquistado!!

E por ai vai.... dificuldades sempre existem, o convívio com outras pessoas por 1 dia é uma situação, por 7 dias outra, por 30 dias completamente diferente, imagine por mais de 50 dias, "o bixo pega"!

Saber respeitar e ouvir resolve praticamente todos os problemas!

Para finalizar este momento de reflexão da nossa Expedição Américas, após 22.000 km e 13 paises...

Quando você está em cima da sua moto em uma curva perfeita, com o vento perfeito, com a velocidade perfeita e com a iluminação perfeita, é como se o tempo parasse e você se sentisse completo. Esse tipo de sensação faz com que você comece a pensar de porque a vida toda não pode ser assim: plena.

Ainda bem que com o tempo você começa a perceber que pode ser sim. Sua vida pode ser plena e maravilhosa. É possível reproduzir esses momentos de plenitude quando dá o bom-dia para a sua mulher e sua família, quando percebe que seu filho deu mais um passo rumo a uma vida de realizações reais, quando voce espia seu filho olhando maravilhado para um pássaro que milagrosamente passa pela janela, quando sente o sorriso de uma pessoa que você ajudou de alguma forma, quando lê um e-mail de alguém agradecendo pelo que você transmitiu e etc, etc, etc..

E é isso....

Uma pena que seja tão difícil descrever realmente o que sentimos, percebemos e vivenciamos durante uma longa viagem de motocicleta, porém, tentaremos descrever esta árdua missão.

Imagine ...

A imensidão do deserto, a altura das montanhas, o frio e o calor, as chuvas e os dias escaldantes, os ventos, a tempestade de areia, a cordilheira, o mar do caribe, o olhar das crianças nos bancos traseiros dos carros acenando para você, o sonho de pilotar na  Route 66, os sons das nossas motocicletas, as lembranças do passado, a clareza com que passamos a ver as nossas vida, a sensação de velocidade e de total mobilidade, enfim, longas Viagens de Motocicletas conspiram para que você analise o que realmente importa em sua vida. Você algum dia refletiu sobre o que realmente importa na sua vida?

Pense bem sobre isso!!!


Saudações a todos

Expedição Américas



 




6 comentários:

  1. Pessoal. Excelente postagem e reflexões super importantes.
    Já li e ouvi muita gente dizer o que sente ao andar de moto, mas dizer que "andar de moto é como fazer amor" superou tudo.
    Um abraço e continuem com Deus protegendo vocês.

    Sandro Rogério
    sandronaestrada.blogspot.com.br

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  2. Vocês inspiram cada vez mais ao nosso grupo "MOTOQUEIROS S.A" a realizar nossa 1ª grande viagem. Muito obrigado pelos relatos. Eduardo.

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  3. Planejamento, moto confiável, maravilhosa viagem e excelente texto. Parabéns Marcelo e amigos. Tenho certeza que motivaram muita gente. Abs

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  4. Planejamento, moto confiável, maravilhosa viagem e excelente texto. Parabéns Marcelo e amigos. Tenho certeza que motivaram muita gente. Abs

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  5. Andar de moto é bom, imagina andar de moto e essa moto ser uma TENERE.

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  6. Estimulante!
    Nunca pilotei moto, mas estou guardando os trocos pra tirar a CNH de moto e adquirir a moto. Pesquisando sobre a Tènèrè encontrei esse texto. Deu mais vontade ainda de ser motoqueiro!
    Muito bacana o texto!

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